quarta-feira, 16 de junho de 2010

Seria melhor "Estádio Didão"

Na foto, Mário Jorge Zagallo e Edvaldo Alves de Santa Rosa, o Didão

Existe uma parábola japonesa que conta que um sábio recusou um presente, porque julgou que não era bom para ele. Ao desenrolar da história, chega-se à conclusão que por mais que pareça falta de educação ou arrogância, nós temos o direito de escolher sobre receber ou não um presente, ao analisar se isso nos fará bem.
Vejo a homenagem como um presente. E vejo que, em homenagens dadas seja lá onde for, é direito do presenteado aceitar ou não. Já aconteceu isso em diversos momentos. O poeta Carlos Drummond de Andrade torceu o nariz para o Nobel de Literatura e enviou uma carta avisando que não aceitaria a premiação. O filósofo francês Jean Paul Sartre também recusou. O governante do Vietnã do Norte deu às costas para o Nobel da Paz, por achar que não o merecia.
Enfim, receber um presente não é uma obrigação como nos ensina a nossa cultura. Faço este preâmbulo para contar o que é realmente arrogância e falta de educação, ou pelo menos desdém. Em 1970, Alagoas homenageou aquele que viria a ser o melhor jogador de futebol de todos os tempos. Ao inaugurar um dos mais modernos estádios de futebol do país na época, pôs-lhe o nome de Rei Pelé. No jogo de inauguração, Santos X Combinado CSA/CRB, a presença do homenageado foi tão discreta e sem vontade, que até hoje existe o mito de que ele não veio. Porém, as imagens guardadas no Museu do Esporte do próprio estádio provam que Edson Arantes do Nascimento esteve lá.
Nunca houve qualquer identidade de Pelé com o Estado. A população ficou chateada com a falta de carinho do gênio do futebol. Um projeto do deputado estadual Temóteo Correia chegou a ser aprovado na Assembleia Legislativa de Alagoas alterando o nome para Rainha Marta. Foi vetado pelo governador, com razão, por considerar uma deselegância mudar o nome a essa altura.
E não é que o nosso grande camisa 10, Pelé, recebeu mais um convite para ser homenageado em Alagoas, na reinauguração do mesmo estádio, no próximo dia 27? Observando tamanho carinho, Pelé fez algumas exigências: a passagem por terras alagoanas tem que ser rápida, pediu um jatinho para buscá-lo e levá-lo, fora algumas recomendações bem ao estilo de uma celebridade. Não há como ter dúvida que Pelé sempre foi apaixonado pela terra.
Sinceramente, não sei quem foi mais equivocado. Os governantes alagoanos da época, como é característico a este povo, em não homenagear jogadores locais, geniais também como Dida ou Mário Jorge Lobo Zagallo. Ou o próprio Pelé, em aceitar um presente no qual não via valor.
Para mim, os alagoanos jamais reclamariam se o Trapichão fosse chamado de Estádio Edvaldo Alves de Santa Rosa, o "Didão".

Um comentário:

  1. Meu amigo wendel.....guru qndo o assunto é jornalismo! A homenagem é justa demais...vc como sempre sai na frente!!!
    To nessa!!!
    Roberto Boroni

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