segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Meu Outubro Negro

Acordei no dia 1º de outubro com 94.9 Kg. Decidido a perder 5 kg em três meses. Não vejo minha meta como ambiciosa, mas sei que eu terei dificuldades de cumpri-la.
Eu penso como gordo. Desejo como gordo. Eu estou gordo. E, graças a Deus, eu tenho amigos. E o pior: eu tenho dificuldades de dizer não para eles. Ou seja, o convite para cerveja quase nunca é negado.
Fora isso, adoro massas, carnes vermelhas e gordurosas... e não resisto a refrigerante a café.
Já batizei meu primeiro mês de dieta de Outubro Negro.Perdoem-me os patrulheiros de plantão, mas não tenho a intenção de raça nessa expressão, ok? Poderia ser Outubro Vermelho, Cinza, mas poderia ofender os comunistas ou os leitores do livro Cinquenta Tons de Cinza.
Voltando ao assunto: eu já sou mal humorado normalmente, agora e que vai dar a peste. Eu não aguento a renúncia. Talvez seja esse meu maior defeito. Quando eu quero uma coisa eu sou determinado a tê-la. Só que eu vou querer coisas antagônicas: perder peso e comer o que eu gosto.
Bem, já fiz os cálculos: é pouco mais de um quilo e meio por mês. Dá pra perder até derrapando na comida, não é não?

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A Pior Tarefa



A pior coisa que você pode fazer com um jornalista é pedir para ele escrever elogiando algo que ele não vê pontos positivos. Algo sem alma, o produto não sai jornalístico.
Uma conhecida anedota diz que o chefe de redação se vira para o repórter e pede um artigo sobre Jesus Cristo. O jornalista pergunta em seguida: a favor ou contra?
Sempre há dois lados, senão mais. Mas a sociedade evoluiu a entender que a imparcialidade não existe e o ‘escrivinhador’ oficial vai pôr no papel o entendimento dele ou de alguém.
No entanto, desafio você a escrever bem de uma pessoa ou órgão que não vai bem. Dá desânimo, a tela fica em branco por alguns minutos, as ideias fogem.
Merda!

domingo, 1 de abril de 2012

Uma TV Cidadã

Há um mês assumi o desafio de ancorar um programa de entrevistas sobre cidadania, na TV Assembleia. Foram cinco edições: sobre o disk-denúncia, acesso ao cinema, ensino profissionalizante a mães do Bolsa Família, a criação de um sistema de cultura e, por fim, a preservação dos manguezais do Estado.
Uma ótima e viciante função a de entrevistar. Confesso que ainda inseguro no estúdio, adapto-me e brigo comigo mesmo, mas curto. O assunto é cidadania e deixa o campo bem intrigante. Eu me formei no final de 2005, invadindo o ano de 2006. Passei por duas campanhas eleitorais, dois jornais diários, uma assessoria de imprensa grande e sou repórter há mais de quatro anos na TV Assembleia.
Daí eu gostaria de pontuar algumas coisas sobre minha breve carreira e o novo programa: 1- Eu não sei fazer outra coisa a não ser jornalismo. Sou um ferrenho crítico, conhecedor e reprodutor de várias mazela da minha profissão, mas completamente apaixonado. Sou piamente defensor de que historicamente a sociedade evoluiu quando progrediu a ferramenta chamada "comunicação". 2- A sociedade precisa diariamente de informação. No caso da TV Assembleia, quem assiste sabe que, desde setembro de 2007 o alagoano passou a ser visto em maior quantidade e qualidade. É a maior produção de conteúdo local por dia e de forma histórica. Nela os professores, os pensadores, os políticos, os gestores públicos, os artistas têm mais espaços. Opção a produções de reder que contam se o trânsito na Marginal Tietê está engarradafo. 3- Num programa sobre cidadania, é possível debater de forma mais ampla questões que muitas vezes nos foge. Quais são os nossos direitos?

Por isso, a partir do próximo domingo vou escrever semanalmente sobre cidadania. Nesta coluna vou debater os pontos históricos, as questões filosóficas e a entrevista da semana.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Pavor e emoção

Já confessei a alguns amigos o pavor e a emoção que me invadem nesses tempos de espera por Stella. Agora que posto isso, eu exponho essa fragilidade publicamente, mesmo sem saber se devo. Hoje as mãos tremem, a cabeça agita, o coração acelera. Uma espécie de pânico que poderia ter “Guerreiro Menino” como trilha ao fundo, ainda que deslocada.

A constatação do pânico me deixa em dúvida: sou alguém sensato ou fraco por me sentir assim? Tenho arquitetado em meus pensamentos a estratégia de ensiná-la a ser feliz. Ser alguém do bem. Generosidade e benevolência são essenciais, mas não quero ingenuidade para ela. Quero dedicação, mas não quero exageros. Quero foco, mas quero o olhar pro lado.

Quero ainda que seja inteligente, mas não leve vantagem. Que conquiste, mas não tome de ninguém. Quero que se ame, antes de amar alguém. Quero que respeite, quero que erre. Minhas expectativas despejadas, num jorro de frustrações e ideais. Misturados, talvez infantis.

Projeto a vida da minha filha como se forjasse uma reportagem, um roteiro de um curta-metragem, um vídeo-documentário. Vejo os mimos e também os castigos. Não vejo os cisnes negros e suas lógicas. Tenho medo do inesperado.

Aliás, esta postagem se trata desses cisnes negros chamados de inesperado, de acaso selvagem. Trata-se exatamente de dizer que sei exatamente que nada que planejo hoje será executado. Isso me apavora. Saber que vou educar uma linda menina com preceitos que nem sempre eu cumpro.

Mas temo também a violência do que não controlo, a selvageria covarde de alguns homens e mulheres e a barbárie de uma sociedade injusta. Quando Stella nascer o carnaval terá acabado, com o saldo de inúmeras mortes violentas, incontáveis insanidades. Temo por ela e isso me fragiliza. Mas isso é uma confissão. A esperança é que quando o dragão da ansiedade vir o tamanho da encrenca eu me acalme.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Mudança definitiva

Em mais ou menos 20 dias minha vida vai mudar definitivamente. Algumas escolhas vão se transformar em única opção. Stella Barros Lima Palhares vai nascer e me jogar num turbilhão de emoções e preocupações. Já o sinto. Antes de entrar nessa nova vida, queria fazer um pedido sincero de desculpas a todos aqueles a que minhas escolhas trouxeram sofrimento. Mas quero mais do que nunca agradecer a quem teve a generosidade e a paciência de me conduzir até aqui. Eu sou muito grato, acreditem.
Espero ser digno da tarefa a mim confiada. Desculpem o meu jeito de me expressar, talvez emotivo demais, talvez formal demais. Peço desculpas mesmo sabendo que quem gosta realmente de mim, já me aceita como eu sou, com qualidades e defeitos mil.
Espero, Lidia Lima, meu amor, que sempre estejas comigo nessa caminhada, pois vou precisar muito de sua sabedoria em todos os momentos, já que de minhas ações dependem também a felicidade de minha filha.
Aos verdadeiros amigos, a porta estará sempre aberta. Àqueles que querem o nosso bem, o nosso convite a serem felizes com a gente. Aos demais, o mais honesto desejo de que sejam felizes sem a gente.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O meu contrato social

Conversava um dia desses com meu amigo Drailton Diniz. Dizia que nos últimos dias voltava a me interessar sobre assuntos antigos como “contrato social”. Creio que o tema surgiu quando fui interpelado por meu vizinho a fazer uma mudança em meu apartamento, que julgo ser despropositada. Como ele tem insistido e isso já virou pauta de reunião de condomínio, parei pra pensar nos “comos” e nos “porquês” de nos reunirmos em sociedade.
Eu sempre digo a Lídia, minha esposa, que me vejo na velhice, se os anos vierem, em um lugar isolado. Cabe apenas poucos amigos e familiares mais próximos. Nada muito novo. Daí me surpreendi quando descobri que o pai dela já faz isso há uma década. Viver e conviver são muito complicados. O ser humano é cheio de ações inexplicáveis, ou para amenizar, pelo menos mesquinhas. E chegar aos 60, 70, 80 anos buscando entender as carências de alguns e as maldades de outros não vai dar. Vou preferir o Estado Natural de meus netos.
No contrato social, você abre mão de seus direitos em busca de paz. Mas que paz pode ser alcançada quando uma pessoa pede a você um direito que você acha que ela não tem? Para Hobbes, a tranquilidade viria com as normas estabelecidas pelo Estado. E quando as normas não satisfazem e sequer há uma legislação para fazer uma pessoa deixar de existir na sua vida?
A Psicanálise vai dizer que todo mundo deseja roubar e matar. Aprende a frear os impulsos e se civilizar, em nome de uma boa convivência com o outro. Ou seja voltamos ao maldito contrato social. Um contrato assinado entre eu, o malandro do leiteiro, o mal-educado do motoqueiro, o vizinho que me faz um pedido inquietante e até o ladrão, para que eu não morra. Um contrato que eu cumpro, descumpro, entendo e não entendo e que estou sempre indignado quando mostram que nem sempre vale a pena estar nele, no entanto você não sabe onde revogá-lo.
O mesmo Hobbes diz que você assinou o contrato porque todos nós somos naturalmente invejosos e maus. Que vivíamos num clima de guerra tão terrível, tendo que tomar o dos outros e se proteger para que ninguém roube de você, ou pior, te mate. E esse medo atrapalhava qualquer produtividade.
Penso: será que minha inquietação é medo de que meu vizinho me mate ou me roube. Eu fico com a proposição de que na verdade é a falta de saco – já tão cedo – de querer entender que carências ou maldades existentes num homem de 40 anos, três filhos, que foi virar meu vizinho e me pede coisas que julgo não ter sentido nenhum.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

À Espera de um Leviatã

São poucos os jornalistas em Alagoas que podem afirmar estar seguro em sua profissão. Não quero entrar na questão se se faz jornalismo ou não no Estado, mas de segurança em trabalhar.
E quero logo taxar o seguinte: o ser humano adoece se está sob o estresse permanente. E quando não se tem segurança, se adoece um pouco a cada dia. É como fumar, ninguém sabe quando, mas sabe que vai adoecer um dia quando se convive com este hábito.
O jornalismo é um vício, é uma paixão. Ele te consome de várias maneiras, mas te consome.
Vivemos tempos de instabilidade. Após décadas de afirmação, entre 70 e 90, passamos por tempos que dá vontade de cantar um reggae, na balada de "vamos, amigo, lute, que a gente acaba perdendo o que já conquistou".
Após a perda do diploma, a cama d'água da inexistência da Lei Geral de Imprensa, as contantes ameaças às empresas de comunicação, a sistemática demissão de profissionais nas redações e falta de reserva de mercado, com a entrada descontrolada de centenas de recém-formados no mercado... penso que Hobbes estava um pouco certo: "Onde não existe governo, haverá uma competição que leva ao medo, à inveja e à disputa. E com esta descofiança, perde-se a segurança de confiar no outro e na busca pela glória, derruba-se o outro pelas costas".
Estamos à espera de um Leviatã.