terça-feira, 22 de março de 2011

O Mundo em Pausa

Uma semana de cama, entrevado. Pensei que isto só acontecesse em filmes. Na última segunda-feira, no início da manhã quando tomava café no sofá, fui me levantar e simplesmente não consegui. Fiquei travado, com uma dor que nunca tinha sentido antes.

Ia trabalhar, estava tranquilo e, de repente, o mundo ficou em pausa. Já desejei muitas vezes parar o mundo e descer um pouco pra descansar, mas nunca pensei em ficar de cama em posição de estátua.
Foi uma peregrinação pelos hospitais e clínicas ortopédicas. Todos lotados. Na Unimed tinha 30 pessoas para o ortopedista. Um rapaz depois veio me dizer que até meio-dia ainda tinha 10. Decididamente não adoeçam na segunda pela manhã.

Consegui por meio de um fisioterapêuta amigo meu um diagnóstico. Inflamação nos ligamentos das vertebras lombares 1 e 2. O doutor que só me atendeu às quatro da tarde analisou e confirmou que a inflamação foi causada por uma entorse.

De fato, fiz estripulias na tarde do domingo. Por umas duas horas joguei o meu afilhado para cima e para baixo e me joguei no chão. Meu fisioterapêuta disse que como meus músculos do abdômen não estão fortes a coluna não suportou o rojão.

Na terça à tarde até febre tive por causa da inflamação. Na cama até a próxima segunda. Lídia, minha namorada, quer que eu não brinque mais deste jeito, mas eu acho que o problema é minha falta de exercícios.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Twitter, o cruel: a revolta dos espectadores

Na continuação da publicação sobre a fantástica e cruel ferramenta chamada Twitter, remeto à apuração das notas das escolas de samba do Rio de Janeiro.

Quem assistiu pôde ouvir que o áudio-ambiente na Marquês de Sapucaí foi cortado desde o meio da transmissão. O Twitter pipocou com o "libera o áudio, Globo". O fato é que a Rede Globo deu uma atenção um pouco maior à Beija-Flor (comprovado em números de participações em programas e reportagens). O resultado foi uma torcida gritando: "Ei, Globo, vá..."

Como natural, a Globo não quis passar aos telespectadores essa manifestação de revolta.
Este fato era impensável anos atrás. Episódios de torcedores xingando veículos de comunicação eram mais comuns para rádios, afinal o ouvinte também estava vendo o que os locutores falavam. Não é estranho ainda você ver uma massa no campo se virando para a cabine de uma rádio e perguntando se os narradores e comentaristas estão loucos.

Existiam situações em que se 'malhava' televisões e, muito raramente, jornais, mas eram mais direcionada a narradores, como o famoso protestado Galvão Bueno, com seus históricos "Cala Boca, Galvão!" e o sempre presente "Ei, Galvão, vá ..."

Contra as TVs, as manifestações eram mais frutos de uma reportagem mal-feita ou tendenciosa, a não exibição de um lance polêmico, ou ainda de repercussão de uma transmissão totalmente voltada a times grandes ou do eixo Rio-São Paulo. Em Minas Gerais, a reclamação é total.

Para ser mais claro: só depois de ver a reportagem do dia seguinte, é que havia um protesto de torcedores contra a emissora na partida subsequente.

ISSO MUDOU! Celulares com TV e o Twitter trouxe o retorno imediato ao que se faz em jornalismo e entretenimento no mundo. Os torcedores das outras escolas de samba se expressaram instantaneamente a uma 'provável balançada' da Rede Globo para a Beija-flor.

Expressões nada educadas explodiram no Twitter e ficaram entre as mais comentadas do mundo. Outras podem até constar neste 'post': "Beija-Globo", "Globo para de torcer", "Já sabemos quem vai ganhar", "Enredo da Beija-Flor próximo ano será sobre a Globo" e muitas reclamações.

Jogos de futebol nem se fala. É o comentarista dando sua análise e o Twitter respondendo. Meu amigo, o jornalista Roberto Boroni, diz que se o Sportv desse bola pro Twitter nem Sérgio Noronha nem Paulo César Vasconcelos comentariam partida alguma na vida.

No jogo Botafogo x Fluminense, pelo primeiro turno do Carioca deste ano, as lambanças do árbitro Gutemberg de Paula Fonseca eram alvo dos revoltados torcedores. Todo tipo de xingamento. Noronha comentava e concordava com as 'loucuras' do juiz. No Twitter: Gutemberg e Noronha disputavam a atenção dos twitteiros com todo o carinho que eles eram capaz de ter ao se verem injustiçados. "Cegos" era o apelido mais 'tchuck-tchuck', fofinho e delicado.

Tenho absoluta certeza de que se o torcedor que se expressa em Twitter, blogs e fóruns tivesse a mesma dedicação ao que fazem o poder público tudo estaria mais 'eficaz' na política brasileira. Eu vejo esses canais de comunicação como extremamente perigosos e NECESSÁRIOS tanto para a comunicação, para o empresário, para o agente público, quanto para a democracia.

O Twitter é tão importante que quem citou a visita do Obama no Brasil passou a ser 'seguido' pelo Força Aérea 1 no Twitter. Isto é comunicação, amigos; isto é tornar comum uma ação. Mesmo que o pensar da população, torcedor e espectador seja muitas vezes injusto e... cruel. Viva a esta revolta! Como dizia Albert Camus: Revolto-me, logo existo!


domingo, 20 de março de 2011

Twitter, o cruel: 'troque os óculos Waldemir'

Numa transmissão de um jogo do CSA-AL pelo Campeonato Alagoano deste ano, a TV Pajuçara foi bombardeada pelo Twitter após não passar o 'replay' de um lance polêmico, num possível pênalti não marcado. O aparelho que reprisa a jogada travou e o torcedor-espectador se viu louco com a "falta de profissionalismo", "negligência", "displicência" e da "regateanidade" da retransmissora da TV Record.
Houve até um ex-secretário de Estado do Esporte que mandou uma mensagem desaforada ao comentarista o acusando de 'analisar o jogo torcendo contra o CSA'. O detalhe: nenhuma acusação teve razão, uma vez que comprovadamente o aparelho travou (aconteceu isto na última sexta-feira na TV Bandeirantes também) e todas as reclamações foram feitas de modo nada educado.
Um amigo meu, o jornalista Waldemir Rodrigues, que comentava pela Rádio Gazeta, também foi muito criticado por dizer que não houve pênalti no lance. Em um comentário engraçado, um ouvinte 'twitteiro' pediu ao comentarista: "troque os óculos, Valdemir!". Detalhe 2: Valdemir tinha acabado de trocar de óculos dois dias antes. Será que não funcionou? Bem, eu também assistia ao jogo e, embora seja suspeito por ser regateano, não achei que foi pênalti.
A relação comunicador e ouvinte sempre foi muito interessante. Quase todo mundo já conversou, brigou e concordou com o profissional seja da TV ou da Rádio ou... Na época de estagiário da TV Gazeta, eu estava perto do telefone durante a exibição do ALTV, quando atendi e vi uma telespectadora revoltada com o apresentador Filipe Toledo, por ele não repetir o nome do entrevistado, por meio do Gerador de Caracteres - a legenda. Como se sabe, não é o Filipe que coloca o 'letreiro'. Mas isso mostra como nosso trabalho é 'íntimo' da população.
Somos cobrados todos os dias, muitas vezes injustamente, até por falta de conhecimento. E o Twitter trouxe este retorno de forma muito mais ágil e... cruel.


segunda-feira, 14 de março de 2011

O Bom Ouvinte


Nos primeiros dias de faculdade de Jornalismo fiz uma viagem que mudou minha vida, principalmente a profissional. Era um congresso de profissionais em Natal. Quando cheguei lá, no início da noite, saí da pousada para tomar um refrigerante e me deparei no balcão de uma lanchonete com um senhor de idade que parecia um pouco embriagado.
Este senhor, como provavelmente o fazia todos os dias com outras pessoas, pegou-me para ouvinte. Uma simples Coca-Cola de garrafa durou mais de hora de conversa. O papo não era tão cativante, mas sentia que devia escutá-lo até o fim. Ele contou sobre a própria vida, falou da distância da filha por causa do alcoolismo, relatou o que fazia todos os dias sempre saindo de casa para beber e, por fim, calou-se.
O que mais me surpreendeu neste breve momento um pouco estranho para mim foi a última frase deste senhor moreno, com cabelos e barba grisalhos e aparência quase de um mendigo. Ele encerrou o papo me perguntando o que eu era. Disse-lhe que era estudante de Jornalismo. E a resposta me marcou até hoje:
"Você será um bom jornalista. Você sabe escutar".
A associação de um bom ouvinte a um bom profissional ainda não era muito clara para mim naquele momento. A associação de bom ouvinte a uma pessoa mais hábil em tudo na vida também não foi forte para mim ainda por um bom tempo, depois do episódio.
Nunca mais vi aquele senhor, mas ele sempre está em meus pensamentos. Eu não ando ouvindo as pessoas, o mundo, a mim mesmo muito bem. Tem dias assim... E quando não sou um bom ouvinte...
Saber ouvir é mais que uma arte, é uma necessidade. Lembro de um filme muito legal, tipo comédia-romântica, chamado "Hich - o conselheiro amoroso". Um dos ensinamentos do conselheiro é tão básico que deveria ser dado na pré-escola:
"Escute bem as pessoas que falam com você as olhando nos olhos e você saberá responder a qualquer coisa que ela te perguntar".
Vi numa matéria que os sentidos são bem ligados. Para sentir o gosto, a língua precisa do olfato, o ouvido mantém nosso equilíbrio e por aí vai... Creio que devo aguçar a respiração, sentir os cheiros, os gostos e ouvir melhor...E assim, saberei o que fazer, quase sempre! Tem dias assim...