segunda-feira, 21 de março de 2011

Twitter, o cruel: a revolta dos espectadores

Na continuação da publicação sobre a fantástica e cruel ferramenta chamada Twitter, remeto à apuração das notas das escolas de samba do Rio de Janeiro.

Quem assistiu pôde ouvir que o áudio-ambiente na Marquês de Sapucaí foi cortado desde o meio da transmissão. O Twitter pipocou com o "libera o áudio, Globo". O fato é que a Rede Globo deu uma atenção um pouco maior à Beija-Flor (comprovado em números de participações em programas e reportagens). O resultado foi uma torcida gritando: "Ei, Globo, vá..."

Como natural, a Globo não quis passar aos telespectadores essa manifestação de revolta.
Este fato era impensável anos atrás. Episódios de torcedores xingando veículos de comunicação eram mais comuns para rádios, afinal o ouvinte também estava vendo o que os locutores falavam. Não é estranho ainda você ver uma massa no campo se virando para a cabine de uma rádio e perguntando se os narradores e comentaristas estão loucos.

Existiam situações em que se 'malhava' televisões e, muito raramente, jornais, mas eram mais direcionada a narradores, como o famoso protestado Galvão Bueno, com seus históricos "Cala Boca, Galvão!" e o sempre presente "Ei, Galvão, vá ..."

Contra as TVs, as manifestações eram mais frutos de uma reportagem mal-feita ou tendenciosa, a não exibição de um lance polêmico, ou ainda de repercussão de uma transmissão totalmente voltada a times grandes ou do eixo Rio-São Paulo. Em Minas Gerais, a reclamação é total.

Para ser mais claro: só depois de ver a reportagem do dia seguinte, é que havia um protesto de torcedores contra a emissora na partida subsequente.

ISSO MUDOU! Celulares com TV e o Twitter trouxe o retorno imediato ao que se faz em jornalismo e entretenimento no mundo. Os torcedores das outras escolas de samba se expressaram instantaneamente a uma 'provável balançada' da Rede Globo para a Beija-flor.

Expressões nada educadas explodiram no Twitter e ficaram entre as mais comentadas do mundo. Outras podem até constar neste 'post': "Beija-Globo", "Globo para de torcer", "Já sabemos quem vai ganhar", "Enredo da Beija-Flor próximo ano será sobre a Globo" e muitas reclamações.

Jogos de futebol nem se fala. É o comentarista dando sua análise e o Twitter respondendo. Meu amigo, o jornalista Roberto Boroni, diz que se o Sportv desse bola pro Twitter nem Sérgio Noronha nem Paulo César Vasconcelos comentariam partida alguma na vida.

No jogo Botafogo x Fluminense, pelo primeiro turno do Carioca deste ano, as lambanças do árbitro Gutemberg de Paula Fonseca eram alvo dos revoltados torcedores. Todo tipo de xingamento. Noronha comentava e concordava com as 'loucuras' do juiz. No Twitter: Gutemberg e Noronha disputavam a atenção dos twitteiros com todo o carinho que eles eram capaz de ter ao se verem injustiçados. "Cegos" era o apelido mais 'tchuck-tchuck', fofinho e delicado.

Tenho absoluta certeza de que se o torcedor que se expressa em Twitter, blogs e fóruns tivesse a mesma dedicação ao que fazem o poder público tudo estaria mais 'eficaz' na política brasileira. Eu vejo esses canais de comunicação como extremamente perigosos e NECESSÁRIOS tanto para a comunicação, para o empresário, para o agente público, quanto para a democracia.

O Twitter é tão importante que quem citou a visita do Obama no Brasil passou a ser 'seguido' pelo Força Aérea 1 no Twitter. Isto é comunicação, amigos; isto é tornar comum uma ação. Mesmo que o pensar da população, torcedor e espectador seja muitas vezes injusto e... cruel. Viva a esta revolta! Como dizia Albert Camus: Revolto-me, logo existo!


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