terça-feira, 22 de junho de 2010

É injusto, mas é de direito 2!

O novo presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, nomeou um casal para os cargos de confiança dele, desrespeitando a súmula vinculante do próprio STF sobre nepotismo. Em sua defesa, o presidente alegou que marido e mulher não são subordinados e trabalham honestamente e que por isso não tomaria uma interpretação radical sobre a súmula.
A alegação choca com os conceitos que nossa democracia tem desenvolvido. O nepotismo cruzado e o apadrinhamento não estão sob a análise da subordinação. Quando se proíbe a nomeação de parentes se tenta evitar algo danoso a nossa sociedade - o jeitinho para proteger ou beneficiar 'os próximos'. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ainda reforça que o Brasil tem quase 200 milhões de habitantes e que escolher pessoas competentes e que trabalhem honestamente não é uma tarefa difícil.
Como diz o psicoterapeuta Paulo Gaudêncio, o cerne da questão está em todos, principalmente, os chefes dos poderes e representantes do nosso sentido de pacto social, entenderem a necessidade de se aplicar de forma radical alguns conceitos. Assim como ter de contornar uma quadra para fazer um contorno, não entrar na contramão, não estacionar em fila dupla ou na vaga de deficiente. Não pode haver desculpas para transgredir algumas regras. Este jeitinho brasileiro sempre prejudica alguém, ao se tomar a velha vantagem. Ou ainda traz enormes prejuízos e descréditos a quem vive na comunidade.
A biologia tenta até explicar o nepotismo. Lembrando que o ato de beneficiar o próximo não deixa de ser uma técnica de autossobrevivência. Quando ajudo um amigo ou parente, eu asseguro que posso ser beneficiado mais tarde ou que pelo menos estas pessoas não venham a precisar de mim depois. Na democracia, o resultado é uma ineficiência do Estado ou uma sucessão de escândalos. Como até a biologia explica essa nossa necessidade de preservar os "nossos", o caminho é respeitar de modo radical mesmo, meretíssimo. Como disse em outra postagem. É injusto, mas é de direito. Perfeitamente!

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