terça-feira, 8 de junho de 2010

É injusto, mas é de direito

O governo federal acaba de proibir o nepotismo na administração direta e indireta, inclusive o cruzado – aquele em que um gestor nomeia um familiar de outro gestor. A pergunta óbvia é: já não era proibido?

O problema do nepotismo não está no fato de se empregar um parente. A competência técnica desse familiar pode ser superior a de qualquer outro que venha a ocupar um cargo público. A tentativa é de coibir uma prática de “cabide de empregos”, que normalmente resulta em baixa ou nenhuma produtividade, ou ainda de portas abertas para a corrupção.

Lembro da frase que ouvi poucos dias após chegar à TV Assembleia. Quem te indicou? Atirou a pergunta um amigo meu. Respondi que o diretor de comunicação, Joaldo Cavalcante. A réplica veio com a afirmativa de que todos chegaram ali por alguma indicação: característica muito comum em nosso Estado, em nosso país.

Mais uma vez, o problema não se encontra na indicação, mas na falta de mérito nessa indicação. Na semana passada, fui perguntado quem seria um bom cronista desportivo para dar uma entrevista ao programa Ponto de Vista, na mesma TV Assembleia. Minha indicação foi imediata para o jornalista Roberto Boroni, mesmo sabendo que ele não trabalhava mais com esporte há uns dois anos.

A sugestão levantou as orelhas de uns e torceu os narizes de outros. Não demorou a vim a frase esperada: “é porque é seu amigo”. A minha resposta também estava pronta: “o apresentador do programa também é meu amigo e reconhecido profissional, se me pedisse uma opinião sobre ele deveria levar em conta isso?”.

O argumento ganhou um tom de enfrentamento. Lembrei que nem sempre o justo é de direito. Muitos excelentes profissionais verão portas e janelas fechadas por essa tentativa de coibir que pais, tios, mães, tias, utilizem-se de sua influência política para manter a família empregada.

Não sou a favor do nepotismo, mesmo vendo injustiças na restrição de algumas contratações. Perde o poder público também. É injusto, mas é de direito.

Quanto a minha sugestão de entrevistado, conhecia o talento, o conhecimento do jornalista Roberto Boroni para falar de futebol e Copa do Mundo. Ele arrebentou!

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