quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A morte de Gomes e o esquecimento de Walter

Na última segunda-feira, o radialista e jornalista F. Gomes foi assassinado a tiros em Caicó (RN), onde morava e dirigia uma emissora de rádio. Antes das eleições, o também repórter policial havia denunciado que deputados estaduais estavam trocando voto por crack.
Apesar de fazer jus ao título de "Estado do Crime de Mando", Alagoas desta vez não protagoniza o homicídio do jornalista nem do jornalismo investigativo. A perda da vida de F. Gomes mostra o quanto é falho o sistema atual de Estado, seja em que Estado ou país for.
Falo da função essencial do Estado, a primeira: a de proteger a sociedade e garantir as liberdades individuais. Função esta que é fiscalizada pelo jornalismo.
O Ministério Público (MPE) do Rio Grande do Norte pretende investigar. A esperança é que não se repita o que ocorre em Alagoas, onde o MPE promete há quase três anos oferecer denúncia-crime sobre o assassinato do repórter cinematográfico Walter Lessa, da TV Assembleia. O cinegrafista foi morto a tiros no dia 2 de janeiro de 2008, no Conjunto Graciliano Ramos. Na época, o Sindicato dos Jornalistas cobrou à Secretaria de Defesa Social uma apuração rápida sobre o caso, sob responsabilidade do 12º Distrito Policial, com o delegado Valdor Coimbra Lou.
A promotora Marluce Falcão ficou à frente do caso e meses depois teve que resolver o estranho desaparecimento do Inquérito Policial (IP). Resolvida a questão, mais um problema na distribuição do IP e hoje o jornalismo alagoano pode se 'orgulhar' de ter mais um assassinato de jornalista não-solucionado.
Não há indícios neste caso de envolvimento com crime eleitoral nem do típico crime de mando, mas evidencia de forma bastante clara como o Estado deixa de cumprir o seu propósito. Quase três anos. Estamos desamparados.

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